DP | Aula 6: salário, remuneração e adicionais
Nesta aula, vamos explicar o que é salário, remunerações e os adicionais que podem fazer parte do que você recebe. Vamos mostrar a diferença entre salários e remunerações, falar sobre adicionais trabalhistas, como insalubridade, periculosidade e noturna, e também explicar como comissões e gratificações. Nosso objetivo é que você termine esta leitura sabendo exatamente o que está recebendo e por quê. Vamos lá?
Diferença entre salário e remunerações
É comum usar as palavras “salário” e “remuneração” como se fossem a mesma coisa, mas elas têm significados diferentes. Entender essa diferença é essencial para não se confundir na hora de olhar seu contracheque ou negociar com seu empregador.
O que é salário?
Salário é o valor fixo que você combina com seu empregador para receber pelo seu trabalho. Ele pode ser pago por mês, por hora ou até por dia, dependendo do seu contrato. Por exemplo, imagine que você trabalha como atendente em uma loja e seu contrato diz que você vai receber R$ 1.500 por mês. Esse valor é o seu salário-base, ou seja, o que você ganha pelo serviço que faz, sem contar outros benefícios ou extras.
O salário é a parte mais básica do que você recebe. Ele é registrado em sua carteira de trabalho e serve como base para calcular outros direitos, como férias, 13º salário e o FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço). Em resumo, o salário é o ponto de partida, mas ele não mostra tudo o que você pode ganhar.
O que é remunerado?
A remuneração é um termo mais amplo. Ela inclui o salário e todos os outros valores que você recebe por causa do seu trabalho. Isso pode incluir adicionais, como horas extras, bônus, comissões, gratificações e até benefícios como vale-alimentação ou plano de saúde, quando eles são pagos em dinheiro. Em outras palavras, a remuneração é o total do que entra no seu bolso ou que a empresa oferece como parte do seu trabalho.
Imagine que você trabalha como auxiliar de limpeza em um hospital. Seu salário é R$ 1.200 por mês. Mas, ao trabalhar em um ambiente com risco de contato com produtos químicos, você recebe um adicional de insalubridade de R$ 300. Além disso, a empresa oferece um vale-alimentação de R$ 200. Seu salário é R$ 1.200, mas seus salários são R$ 1.700 (salário + insalubridade + vale-alimentação).
Por que essa diferença é importante?
Saber a diferença entre salários e remunerações ajuda você a entender seus direitos e a negociar melhor. Por exemplo, alguns benefícios, como vale-transporte, não recebem na remuneração para calcular ou outros descontos. Já outros, como comissões, podem aumentar o valor que você paga de INSS ou recebe de férias. Além disso, quando você conversa com seu empregador, é bom ter claro se ele está falando do salário-base ou da remuneração total, para evitar surpresas no final do mês.
Outro ponto importante é que os pagamentos podem mudar de mês para mês, dependendo do que você recebe além do salário. Por exemplo, se você faz horas extras ou ganha uma comissão, seus pagamentos serão maiores naquele mês. Já o salário costuma ser fixo, a menos que haja uma mudança no contrato.
Pense que você é vendedor em uma loja de eletrodomésticos. Seu salário é R$ 1.320, que é o piso da categoria (o valor mínimo que a lei ou o sindicato determina para a profissão). Mas você é bom no que faz e, em um mês, vendeu muitos produtos, ganhando R$ 800 em comissões. Além disso, você fez algumas horas extras, que somaram R$ 200. Seu salário continua sendo R$ 1.320, mas seu pagamento naquele mês foi de R$ 2.320 (salário + comissões + horas extras). Isso mostra como os salários podem ser bem diferentes do salário, dependendo do que você recebe a mais.
Entender essa diferença é o primeiro passo para acompanhar o que você ganha e garantir que está recebendo tudo certo. Agora que você sabe o que é salário e remunerações, vamos falar sobre os adicionais trabalhistas, que podem aumentar o que você recebe.
Adicionais trabalhistas
Agora que você já entende a diferença entre salários e remunerações, vamos falar sobre os adicionais trabalhistas. Esses são valores extras que você pode obter por trabalhar em condições específicas ou em horários diferentes. Eles existem para compensar o esforço a mais ou os riscos que você enfrenta no trabalho. Os adicionais mais comuns são os de insalubridade, periculosidade e noturno. Vamos explicar cada um deles para que você saiba quando tem direito e como eles impactam o que você ganha.
Adicional de insalubridade
O adicional de insalubridade é um valor pago quando você trabalha em um ambiente que pode prejudicar sua saúde. Isso acontece, por exemplo, se você estiver exposto a produtos químicos, barulho intenso, calor ou frio extremo, ou até contato com doenças em hospitais. A lei brasileira define que, nesses casos, você tem direito a um extra no seu salário para compensar o risco.
O valor do adicional de insalubridade depende do grau de risco, que pode ser baixo, médio ou alto. Ele é calculado com base no salário mínimo, não no seu salário-base. Em 2025, vamos supor que o salário mínimo seja R$ 1.500. Os percentuais são:
- Grau baixo: 10% do salário mínimo (R$ 150).
- Grau médio: 20% do salário mínimo (R$ 300).
- Grau alto: 40% do salário mínimo (R$ 600).
Imagine que você trabalha como auxiliar de limpeza em um hospital. Você usa produtos químicos fortes todos os dias, o que é considerado insalubridade de grau médio. Além do seu salário de R$ 1.200, você recebe R$ 300 de adicional de insalubridade. Isso aumenta seus salários para R$ 1.500 por mês.
Para ter direito a esse adicional, o risco precisa ser comprovado por um laudo técnico, feito por um profissional como um engenheiro de segurança do trabalho. Se o seu trabalho envolve alguns desses riscos, mas você não recebe o adicional, vale a pena conversar com seu empregador ou procurar o sindicato de sua categoria.
Adicional de periculosidade
O adicional de periculosidade é pago quando você trabalha em condições que colocam sua vida em risco. Diferente da insalubridade, que é sobre a saúde a longo prazo, a periculosidade envolve perigo imediato. Exemplos comuns são trabalhar com eletricidade de alta tensão, explosivos, combustíveis ou atividades como segurança armada.
Esse adicional é de 30% sobre o salário-base, e não sobre o salário mínimo. Vamos supor que você é eletricista em uma empresa e seu salário é de R$ 2.000. Para trabalhar com redes de alta tensão, você tem direito ao adicional de periculosidade. Isso significa um extra de R$ 600 (30% de R$ 2.000), fazendo suas remunerações chegarem a R$ 2.600 por mês.
Um detalhe importante: você não pode receber insalubridade e periculosidade ao mesmo tempo. A lei diz que, se o seu trabalho tem os dois riscos, você recebe apenas o adicional de maior valor. Assim como na insalubridade, é preciso um elogio técnico para comprovar o direito ao adicional.
Adicional noturno
O adicional noturno é para quem trabalha à noite, entre 22h e 5h da manhã, segundo a lei trabalhista brasileira. Esse extra existe porque trabalhar nesse horário exige mais do seu corpo e pode variar sua rotina. O adicional noturno é de, no mínimo, 20% sobre o valor da hora normal de trabalho. Além disso, a hora noturna é um pouco mais curta: ela tem 52 minutos e 30 segundos, em vez de 60 minutos, para compensar o desgaste.
Pense que você é vigilante e trabalha das 22h às 6h. Seu salário é R$ 1.800 por mês, e você trabalha 44 horas por semana. Vamos calcular o adicional noturno de forma simples. Se sua hora normal vale cerca de R$ 9 (dividindo o salário pelas horas trabalhadas no mês), a hora noturna tem um acréscimo de 20%, ou seja, R$ 1,80 a mais por hora. Como você trabalha 7 horas por noite, sendo 5 horas no período noturno, o adicional pode somar cerca de R$ 180 no mês, dependendo do número de dias trabalhados. Assim, seus pagamentos seriam R$ 1.980.
Como os adicionais afetam seus pagamentos
Esses adicionais entram em suas remunerações e podem fazer uma grande diferença no que você recebe. Eles também são considerados para calcular outros direitos, como férias, 13º salário e FGTS. Por exemplo, se você receber R$ 300 de insalubridade todos os meses, esse valor estará incluído no cálculo das suas férias, aumentando o que você ganha nesse período.
É importante ficar de olho no seu contracheque para garantir que os adicionais estejam sendo pagos corretamente. Se você acha que tem direito a algum deles, mas não está recebendo, procure o departamento de recursos humanos da empresa ou sindicato. Às vezes, o empregador pode não saber que seu trabalho está enquadrado nessas condições, ou pode haver um erro no cálculo.
Comissões e gratificações
Depois de entender os adicionais trabalhistas, como insalubridade, periculosidade e noturna, vamos falar sobre outras formas de aumentar seus salários: as comissões e gratificações. Esses valores são comuns em profissões que envolvem vendas ou reconhecimento por bom desempenho. Eles podem fazer uma grande diferença no que você recebe no final do mês, mas também desligar a atenção para garantir que estão sendo pagos corretamente. Vamos explicar o que são, como funcionam e como eles impactam sua vida no trabalho.
O que são recomendados?
Comissões são valores pagos a você com base nos resultados do seu trabalho, geralmente unidos a vendas ou metas alcançadas. Eles são muito comuns em empregos como vendedor, representante comercial ou até em setores como bancos e imobiliários. A comissão é uma forma de incentivo para você se esforçar mais, já que quanto mais você vende ou produz, mais pode ganhar.
O valor da comissão varia muito. Pode ser um percentual sobre o que você vendeu ou um valor fixo por cada venda. Por exemplo, imagine que você trabalha em uma loja de roupas. Seu salário é R$ 1.320 por mês, mas a loja paga 5% de comissão sobre cada peça que você vende. Em um mês, você vende R$ 10.000 em roupas. Isso significa uma comissão de R$ 500 (5% de R$ 10.000). Seu pagamento nesse mês seria R$ 1.820 (salário + comissão).
As comissões podem mudar de mês para mês, dependendo do seu desempenho. Nos meses bons, eles aumentam bastante seus salários, mas, nos meses mais fracos, você pode depender apenas do salário. Por isso, é importante planejar suas finanças com cuidado, sem contar apenas com as comissões.
Outro ponto é que as comissões entram no cálculo de outros direitos trabalhistas, como férias, 13º salário e FGTS. No exemplo da loja de roupas, se você receber R$ 500 de comissão em média por mês, esse valor será considerado para calcular quanto você ganha de férias ou 13º. Mas, para isso, a comissão precisa ser algo constante no seu trabalho, não apenas um pagamento eventual.
O que são gratificações?
Gratificações são valores extras que a empresa paga como forma de reconhecimento ou benefício. Diferentes das comissões, que estão ligadas a vendas ou metas, as gratificações podem ser dadas por outros motivos, como tempo de serviço, bom desempenho ou até como um “presente” em dados especiais, como o Natal.
Por exemplo, suponha que você trabalhe como recepcionista em um escritório. Seu salário é R$ 1.500 por mês. No final do ano, a empresa decidiu pagar uma gratificação de R$ 300 para todos os funcionários como agradecimento pelo esforço. Essa gratificação entra em seus pagamentos naquele mês, fazendo você receber R$ 1.800.
Outro caso comum é a gratificação por tempo de serviço. Digamos que você trabalha como auxiliar administrativo em uma fábrica e, depois de cinco anos na empresa, recebe uma gratificação de R$ 200 no mês do seu aniversário de trabalho. Esse valor é uma forma de empresa que considera sua dedicação.
Diferentes das comissões, as gratificações nem sempre entram no cálculo de férias, 13º ou FGTS. Isso depende se elas forem pagas regularmente ou se forem apenas eventualmente. Se uma gratificação é algo que você recebe todo o ano, como no caso do bônus de Natal, ela pode ser considerada parte de seus pagamentos para esses cálculos. Mas, se for algo esporádico, como um prêmio por um projeto específico, geralmente não entra.
Como comissões e gratificações relacionadas a você
Comissões e gratificações são ótimas formas de aumentar seus salários, mas também trazem algumas responsabilidades. Por exemplo, as comissões podem fazer você pagar mais INSS ou imposto de renda, já que seu pagamento total será maior. Além disso, é importante verificar no contracheque se esses valores estão sendo pagos corretamente e se estão registrados como deveriam.
Se você trabalha com comissões, vale a pena conversar com seu empregador para saber como elas são calculadas e quando são pagas. Algumas empresas têm regras claras, como um percentual fixo por venda, enquanto outras podem mudar de acordo com metas com frequência. Saber isso ajuda a evitar surpresas e a planejar seu orçamento.
Já as gratificações, por serem menos previsíveis, devem ser vistas como um extra, não como algo garantido. Se você recebe uma gratificação, pode ser uma boa ideia guardar esse dinheiro para emergências ou investir em algo que melhore sua vida, como um curso ou uma ferramenta para o trabalho.
Um exemplo com você
Pense que você é vendedor em uma loja de eletrodomésticos. Seu salário é de R$ 1.320, mas você ganha 3% de comissão sobre cada produto vendido. Em um mês, você vende R$ 20.000 em produtos, o que dá uma comissão de R$ 600. Além disso, a loja decide pagar uma gratificação de R$ 100 para todos os vendedores por causa de uma campanha bem sucedida. Seu pagamento nesse mês seria R$ 2.020 (salário + comissão + gratificação). Isso mostra como comissões e gratificações podem turbinar o que você ganha, mas também variar de acordo com seu desempenho e as decisões da empresa.
Conclusão
Chegamos ao final desta aula, e agora você deve ter uma visão bem mais clara sobre o que compõe o dinheiro que recebe pelo seu trabalho. Vamos recapitular o que aprender? Começamos entendendo a diferença entre salários, que é o valor fixo combinado com seu empregador, e remuneradores, que inclui o salário e todos os extras, como adicionais, comissões e gratificações. Depois, falamos sobre os adicionais trabalhistas, como insalubridade, periculosidade e noturna, que são pagamentos para compensar riscos ou condições especiais do seu trabalho. Por fim, exploramos as comissões, que recompensam o seu desempenho, e as gratificações, que são uma forma de reconhecimento da empresa.
Saber o que cada um desses termos significa é mais do que entender seu contracheque. É uma forma de valorizar seu esforço e garantir que seus direitos sejam respeitados. Imagine você, trabalhando como vendedor, auxiliar de limpeza ou vigilante, e agora podendo olhar para o que recebe com mais confiança. Você sabe que, se trabalhar à noite, tem direito a um adicional noturno. Se estiver em um ambiente arriscado, pode ter direito a insalubridade ou periculosidade. E, se vender bem ou se destacar, pode contar com comissões ou gratificações para aumentar os seus salários.
Mas essa aula também traz uma lição importante: fique de olho nos detalhes. Confira seu contracheque todos os meses para garantir que os valores estão corretos. Se achar que tem direito a um adicional ou que uma comissão não foi paga, não hesite em conversar com o setor de recursos humanos ou procurar o sindicato de sua categoria. Às vezes, um simples diálogo pode resolver a questão. Além disso, planeje suas finanças com cuidado, especialmente se seus salários variam por causa de comissões ou gratificações. Guardar um pouco do que você ganha a mais pode fazer toda a diferença no futuro.
O mercado de trabalho pode parecer complicado, mas entender conceitos como salário, remunerações e adicionais dá a você mais controle sobre sua vida profissional. Não importa se você está começando agora, com 15 anos, ou se já tem anos de experiência aos 50. Esses conhecimentos são ferramentas para negociar melhor, planejar sua carreira e, principalmente, refletir sobre o valor do seu trabalho.
Então, o que você aprendeu na prática? Na próxima vez que receber seu pagamento, pegue o contracheque e veja o que está incluído. Tem algum adicional que você não esperava? As comissões estão batendo com o que você vendeu? Se surgir alguma dúvida, anote e busque respostas. Esse é o primeiro passo para ser um profissional mais consciente e preparado.
